Cinema da Fundação/Derby reabre as portas
O Cinema da Fundação/Derby volta ao convívio do público recifense depois de uma grande reforma – a segunda de sua história, que retoma suas características arquitetônicas originais, como as janelas que dão para o Rio Capibaribe e o jardim interno. Vidas Secas, um dos clássicos do Cinema Novo, de Nelson Pereira dos Santos, em cópia restaurada em 4K, marcará a reaberura da sala de exibição.
Nesta primeira semana de sessões gratuitas no Cinema da Fundação/Derby, o cinéfilo pernambucano terá a oportunidade de ver, pela primeira vez, seis longas-metragens do Cinema Novo, dois de Nelson (Vidas Secas e Rio Zona Norte), quatro de Cacá Diegues (Ganga Zumba, Os Herdeiros, Joanna Francesa e Chuvas de Verão), que pela primeira vez ganham cópias em DCP.
O jornalista e realizador pernambucano, Geneton Moraes Neto, um dos principais diretores ligados ao movimento do super-8 do Recife, nos anos 1970, também será homenageado com uma mostra de sua obra, digitalizada recentemente em 4K, pela Cinemateca Pernambucana. Seu trabalho será apresentado pelo crítico e professor da USP, Rubens Machado Júnior, curador da mostra Marginália 70: o experimentalismo no Super-8 brasileiro (Itaú Cultural, 2001–2003).
O público também será brindado com uma mostra de documentários de cineastas pernambucanas, acompanhada por uma mesa de conversa sobre a atuação da mulher na realização de filmes no estado, além da abertura do Encontro Alumiar de cinema acessível, que promoverá um debate com a equipe de acessibilidade do clássico brasileiro O Canto do Mar, após a exibição do filme.
E o público infantil não foi esquecido. A animação Historietas Assombradas – O Filme será aberta com show de Carol Levy, querida contadora de histórias da criançada.
O Retorno
A data do retorno da sala é também uma marca histórica: o espaço volta para o público três dias depois em que se completam 20 anos da exibição inaugural do Cinema da Fundação, ocorrida no dia 23 de março de 1998, com a apresentação do longa-metragem inglês Bent, de Sean Mathias.
Agora, as poltronas ocupam o espaço completo da sala, com os espectadores tendo acesso por corredores laterais, mais espaçosos e que permitem maior segurança no acesso pelas escadaria. A saída de emergência também é uma novidade. Ao todo, a sala conta com 160 lugares, com assentos especiais para obesos e espaços para cadeirantes e pessoas de mobilidade reduzida. As poltronas são novas e obedecem a conceitos ergométricos de bem-estar.
Nos seus primórdios, o Cinema da Fundação – que originalmente foi batizado como Sala José Carlos Cavalcanti Borges – dividia seu espaço com sessões de filmes, peças de teatro e apresentações musicais. Nos anos 1980, ainda estruturado como um auditório multiuso, a sala já demonstrava sua vocação para o cinema, quando abrigou inúmeras mostras.
O Cinema da Fundação/Derby começou a conquistar a cara que tem hoje com a instalação, em 1997, de um projetor americano de 35mm da marca Strong e do sistema som Dolby SR, até então inédito. Em 2006, a sala deu os primeiros passos em direção à projeção digital, com a implantação do sistema desenvolvido pela empresa brasileira Rain. Em julho de 2013, aconteceu a entrada definitiva na exibição digital DCP (Digtal Cinema Package), com a aquisição do projetor Barco 4K 3D e distribuição de som Dolby Digital 7.1.
Nestes 20 anos de história, o Cinema da Fundação/Derby ajudou na formação de uma geração inteira de cinéfilos e novos cineastas, que tornaram Pernambuco um dos estados mais importantes na renovação do atual cinema brasileiro.
Programação completa:
Vidas Secas (1963)
Ficção. De Nelson Pereira dos Santos. Com Átila Iório, Maria Ribeiro, Baleia (cachorra), Gilvan Lima, Genivaldo Lima. Uma família miserável tenta escapar da seca no sertão nordestino. Fabiano, Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cachorra Baleia vagam sem destino e já quase sem esperanças pelos confins do interior, sobrevivendo às forças da natureza e à crueldade dos homens. Baseado no livro de Graciliano Ramos.
105 min | Livre
TER (27/03), 20h | SEX (30/03), 15h40 | SÁB (31/03), 16h50
ALUMIAR – SESSÃO ACESSÍVEL DO CINEMA DA FUNDAÇÃO
(com audiodescrição, Libras e LSE)
O Canto do Mar (1953)
Ficção. De Alberto Cavalcanti. Com Aurora Duarte, Cacilda Lanuza, Margarida Cardoso. No litoral nordestino, que acolhe imigrantes do sertão à espera de viagem para o Sul, é onde se passa o drama de uma família que enfrenta a miséria, devido a problemas financeiros e psicológicos.
84 min | Livre
QUA (28/03), 14h30
+ Debate com a equipe de acessibilidade do filme.
Saudade (2017)
Documentário. De Paulo Caldas. Com Ruy Guerra, Arrigo Barnabé, Milton Hatoum, Adriana Falcão. Uma busca para entender o significado da palavra saudade. A relação transversal que se estabelece entre a produção artística e a saudade é apresentada por meio do olhar de artistas lusófonos contemporâneos.
78 min | Livre
QUA (28/03), 18h20
Os Herdeiros (1969)
Ficção. De Cacá Diegues. Com Sérgio Cardoso, Odete Lara, Paulo Porto, Mário Lago, Grande Otelo. De maneira teatral e épica, O filme narra a saga de uma família brasileira e suas relações com os diferentes governantes do país, durante o período da Revolução de 1930 até o Golpe de 1964.
110 min | 16 anos
QUA (28/03), 20h
Joanna Francesa (1973)
Ficção. De Cacá Diegues. Com Jeanne Moreau, Carlos Kroeber, Helber Rangel, Eliezer Gomes. Em 1930, Joanna, uma francesa gerente de um bordel em São Paulo decide aceitar a proposta de um coronel de ir morar em sua fazenda de cana em Alagoas. Lá, as transformações políticas e o progresso econômico reiteram a decadência do antigo engenho.
110 min | 18 anos
QUI (29/03), 15h50 | SEX (30/03), 17h50
Ganga Zumba (1963)
Ficção. De Cacá Diegues. Com Eliezer Gomes, Luiza Maranhão, Jorge Coutinho, Antonio Luís Sampaio. No início do século XVI, alguns negros fugiram dos senhores portugueses e fundaram aldeias, como Quilombo dos Palmares, o mais famoso. Ganga Zumba, neto do rei dos Palmares, Zumbi, nasceu na senzala e vai tomando contato com a história de suas lutas e problemas. Baseado no livro de João Felício dos Santos.
100 min | 14 anos
QUI (29/03), 18h | DOM (01/04), 19h
Chuvas de Verão (1977)
Ficção. De Cacá Diegues. Com Jofre Soares, Cristina Aché, Rodolfo Arena, Lurdes Mayer. Afonso se aposenta e é recebido em festa pela vizinhança. No dia seguinte, ele põe sua cadeira na porta de casa para ver passar dona Isaura, vizinha pela qual nutre um encantamento.
93 min | 16 anos
QUI (29/03), 20h
Rio, Zona Norte (1957)
Ficção. De Nelson Pereira dos Santos. Com Grande Otelo, Jece Valadão, Paulo Goulart. Espírito da Luz, talentoso compositor de sambas, tenta vender suas músicas e fazer sucesso no Brasil, mas acaba enganado por oportunistas e se vê preso nos esquemas da indústria fonográfica. Inconsciente após um acidente de trem, ele relembra passagens de sua vida e carreira, baseada num bairro da zona norte carioca.
86 min | 12 anos
SEX (30/03), 20h | SÁB (31/03), 15h
MOSTRA SUPER-8: GENETON MORAES NETO
+ palestra/debate de Rubens Machado, crítico de cinema e professor da USP, no sábado (31).
Serão exibidos filmes Super-8 do jornalista e cineasta pernambucano Geneton Moraes Neto, que foram restaurados recentemente pela Cinemateca Pernambucana.
SÁB (31/03), 19h | TER (03/04), 20h
SESSÃO INFANTIL
Contação de histórias com Carol Levy, às 16h
Historietas Assombradas – O Filme (2017)
Animação. De Victor-Hugo Borges. Aos 12 anos, Pepe mora com sua avó, uma bruxa-empresária, e descobre que é adotado. Ao saber que seus pais estão vivos, ele parte numa aventura para encontrá-los. O menino atrai a atenção de Edmundo, um vilão biomecânico que precisa da energia de crianças para se tornar imortal.
90 min | Livre
DOM (01/04), 17h10
O Rochedo e a Estrela (2007)
Documentário. De Katia Mesel. O documentário aborda a expansão do judaísmo em Pernambuco durante o domínio holandês no século XVII. O filme mostra a importância dos “cristãos novos” (judeus batizados a força pelo governo português), e da luta de Mauricio de Nassau pela liberdade religiosa, o que permitiu a criação da primeira sinagoga das Américas, a Kahal Zur Israel.
80 min | Livre
TER (03/04), 16h10
JMB – O Famigerado (2011)
Documentário. De Luci Alcântara. Ensaio biográfico sobre o poeta, professor e agitador cultural pernambucano Jomard Muniz de Brito. Mostra sua trajetória também como um dos principais cineastas do Ciclo do Super 8, nas décadas de 70 e 80, além do complicado relacionamento com a cineasta Luci Alcãntara, diretora do documentário.
105 min | Livre
TER (03/04), 17h50
Rio Doce/CDU (2013)
Documentário. De Adelina Pontual. Uma viagem pelos subúrbios de Olinda e Recife seguindo o itinerário do ônibus Rio Doce/CDU. A linha cruza parte das duas cidades pernambucanas, cortando antigos bairros, revelando uma diversidade de paisagens urbanas e de pessoas que ali trabalham, ou apenas se deslocam de um ponto a outro. No vai e vem das ruas, o ônibus segue seu percurso.
72 min | Livre
QUA (04/04), 15h40
A Mesa Vermelha (2013)
Documentário. De Tuca Siqueira. O documentário tem a participação de 23 ex-presos políticos que foram detidos entre 1969, com a promulgação do AI 5, e 1979, com o advento da Lei da Anistia. Eles debatem ao redor de uma mesa vermelha sobre temas relacionados ao período da Ditadura Militar.
80 min | 10 anos
QUA (04/04), 17h20
Câmara de Espelhos (2016)
Documentário. De Déa Ferraz. Construída dentro de uma caixa preta, uma sala de estar recebe homens variados e coloca-os diante do espelho social. O que nos dizem da imagem feminina que se apresenta? E nós? Onde estamos? Dentro, fora ou no limite da caixa?
76 min | 14 anos
QUA (04/04), 19h
20h30 – Mesa de debate sobre a atuação da mulher na realização de filmes no estado. Presença das diretoras Adelina pontual e Luci Alcântara, e das representantes do MAPE (Mulheres no Audiovisual de Pernambuco), a jornalista Carol Almeida, e as cineastas Déa Ferraz e Juliana Lima. Mediação de Maria do Carmo Nino, professora da UFPE.