Cinema da Fundação homenageia Geraldo Sarno com exibições especiais de “Sertânia”

08 de março de 2022

Em fevereiro, o cinema brasileiro perdeu um de seus mais celebrados e ativos nomes: o cineasta Geraldo Sarno. O diretor baiano foi dono de uma carreira de mais de cinco décadas, criando grandes obras tanto no campo do documentário, como da ficção, vencendo prêmios e colocando seu nome na história definitiva do cinema do país. Sarno faleceu em decorrência de complicações da covid-19, deixando uma cinematografia extensa, composta por trabalhos marcantes em praticamente todas as décadas desde os anos 1960. Em sua maioria, as obras são voltadas para investigações sobre o Nordeste brasileiro e seu imaginário.

Para homenagear o cineasta natural de Poções, interior da Bahia,, as salas do Cinema da Fundação exibem o seu último e celebrado longa, “Sertânia”, de 2020. Protagonizado pelo artista pernambucano Vertin Moura, a obra acompanha a vida de um jovem cangaceiro, ao mesmo tempo em que investiga as representações visuais do cangaço, em um filme carregado por um majestoso preto e branco e diálogos entre o real e o místico.

“Geraldo Sarno dedicou sua arte aos problemas e questões do Nordeste e sua paisagem humana. Sertânia, seu último filme realizado há dois anos e que escolhemos para homenageá-lo, é uma súmula viva do cinema nacional. Um objeto estético que faz a ponte entre as ideias do Cinema Novo e a nova geração de realizadores brasileiros do século 21”, explica Ernesto Barros, coordenador e curador do Cinema da Fundação. “Sertânia” está em exibição nas salas do Derby e do Museu, em Casa Forte desde a última semana e entrará no Porto nos próximos dias.

Trajetória
O primeiro filme de Sarno é “Mutirão em Novo Sol”, de 1963, mas foi seu projeto seguinte, Viramundo, que o colocou de vez no panteão dos grandes cineastas brasileiros. O média-metragem faz parte do projeto Brasil Verdade, realizado na emblemática Caravana Farkas, idealizada pelo fotógrafo e produtor Thomas Farkas, que reuniu quatro cineastas para documentar diferentes aspectos e geografias do país. O “Viramundo” de Sarno se deteve sobre a questão da migração nordestina, com fortes depoimentos que o fizeram ser um dos mais definitivos documentários brasileiros.

“Durante sua vida, de Viramundo aos curtas e médias da Caravana Farkas, até esse último canto de cisne inesquecível, Geraldo Sarno foi uma lição de resistência, um cineasta incansável para mostrar as vivências do homem nordestino e sua peleja incansável, seja para trabalhar na terra ou fugir dela, quando desistiam e tomavam o caminho do êxodo. Nos documentários e em seus filmes de ficção, entre eles “Coronel Delmiro Gouveia” e “Sertânia”, Sarno deixou um legado cinematográfico sem tamanho e que será difícil de ser esquecido”, conclui Ernesto Barros.

Cinema da Fundação homenageia Geraldo Sarno com exibições especiais de “Sertânia”