Estudantes surdos têm tarde especial em Sessão Escola no Cinema do Museu
Parecia ser mais uma tarde comum de sessão de filme no Cinema da Fundação/Museu, em Casa Forte. Parecia. Na verdade, foi uma tarde especial, daquelas que não tem preço. Era só conferir atentamente a reação do público, que chegou de uma só vez à sala de exibição, para ter essa certeza. Olhos atentos e sorriso no rosto. Tudo era acompanhado com atenção, muita atenção, principalmente quando as luzes foram apagadas e a projeção começou.
Formado por estudantes surdos da Rede Municipal de Ensino do Recife e alunos da Escola Técnica Estadual Arruda de Farias, em Surubim, no Agreste de Pernambuco, o público participou, na tarde desta quinta-feira (28), da Sessão Escola comemorativa ao Setembro Surdo, mês de visibilidade da comunidade surda. Na exibição gratuita na telona da sala em Casa Forte, com audiodescrição, libras e LSE, foram exibidos os curtas-metragens Clandestina Felicidade, de Beto Normal e Marcelo Gomes; Outro Lobisomem, de Adelina Pontual; A Árvore do Dinheiro, de Marcos Buccini; e Recife de Dentro pra Fora, da cineasta Kátia Mesel.
Laura Francine, 14 anos, aluna do 7º Ano da Sala Bilíngue da Escola Municipal Florestan Fernandes, no Ibura, era só felicidade. Com a tradução de libras da professora de História e Geografia Elânia Nunes Bezerra, ela disse que adora esse tipo de programa porque encontra amigos de outras escolas. Além disso, segundo ela, “é muito mais prazeroso assistir a um filme com libras no cinema do que no YouTube”. Vendo o sorriso no rosto de Laura e dos demais estudantes, a professora Elânia acha que eventos como esse deveriam fazer parte da agenda escolar durante todo o ano. “Além de ser inclusivo, poderíamos utilizar mais os filmes como conteúdos pedagógicos”, justificou.
A técnica pedagógica Wânia Oliveira, da Gerência de Educação Especial (GEE) da Prefeitura do Recife, afirmou que o trabalho diário dos educadores do GEE é fazer com que as pessoas com algum tipo de deficiência tenham mais acessibilidade no dia a dia. “Hoje aqui contemplamos os surdos, mas todos os outros recebem a mesma atenção da nossa parte. Algo que a sociedade também deveria fazer”, frisou. A também técnica pedagógica da GEE Izabella Castro acrescentou: “Seria muito bom que outros espaços fizessem o que a Fundação Joaquim Nabuco, que também fossem abertos para acolher esse público tão especial. Aprendo muito com eles todo dia”.
ALUMIAR
O monitor e especialista em acessibilidade, Túlio Rodrigues, destacou que a Sessão Escola desta quinta-feira (28) finalizou a programação do Setembro Surdo – na última terça-feira (26), foi comemorado o Dia Nacional dos Surdos. Túlio ressalta que esse tipo de ação acontece durante todo o ano no Cinema da Fundação. “Esse trabalho que realizamos de acessibilidade e inclusão está sempre na ativa e, além disso, contempla não só os surdos, mas também pessoas com outras deficiências e até quem é vulnerável socialmente.” Ao final da sessão, todos os estudantes levantaram as mãos e começaram a balançá-las. Para quem não sabe, essa é a forma que os surdos utilizam para aplaudir alguém ou algo especial. Ou seja, tardes como essa são sempre dignas de aplausos. Essa é mais uma demonstração do compromisso da Fundação Joaquim Nabuco com a democracia e com o estado de direito.