Em sua primeira edição, apresentando produções inéditas no Brasil, o Festival Filmelier no Cinema vai estrear no Cinema da Fundação, a partir de 20 de abril. Com sessões até 10 de maio, a Sala Porto receberá os longas que serão apresentados primeiro nas telas dos cinemas antes do lançamento em streaming. A iniciativa faz parte da estratégia de trazer o público de volta às salas, hábito que caiu em desuso após a pandemia da covid-19.

Com realização da Sofá Digital e da Synapse Distribution, a iniciativa cultural promovida pelo Cinema da Fundação tem como destaque alguns longa-metragens inéditos, como o suspense policial “A Noite do Dia 12”, do cineasta Dominik Moll, que venceu em seis categorias da quadragésima-oitava cerimônia dos Prêmios César, o “Oscar francês”, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção, assim como o vencedor do Prêmio Especial do Júri da 79ª edição do Festival de Cinema de Veneza, o longa “No Bears”, do diretor iraniano Jafar Panahi – que estava preso, à época, em seu país natal por protestar contra o governo.

Para muito além da oportunidade de contemplar produções premiadas no Festival de Cinema de Veneza, TIFF, Cannes e Sundance, a programação especial na sala Porto também se mostra urgente em face às dinâmicas de exibição nas salas de cinema pelo país, sendo frequente observar que um único filme, muitas vezes, tem ocupado mais de 80% do mercado.

O coordenador do Cinema da Fundação, Ernesto Barros, explica sobre a importância do Festival, em virtude da grande disparidade no calendário de festivais do Brasil, com todos acontecendo de agosto em diante. “O festival surge em boa hora, com uma programação bastante democrática entre filmes europeus e da produção independente americana. Trata-se de um mix de produções que serão exibidas em avant-prèmiere e outras que poderão ser vistas unicamente no festival, pois serão lançadas após apenas em serviços de streaming”, destaca.

Ernesto Barros acrescenta que cinema é para ser visto na  tela grande. E o Filmelier traz novos títulos de cineastas consagrados como o iraniano Jafar Panahi (Sem Ursos), de Dominik Moll (A Noite do Dia 12); de Amos Gitai (Uma Noite em Haifa) e de Michael Almereyda (Tesla, o Homem Elétrico), entre outros, exemplifica.

Para Marcelo França Mendes, um dos organizadores do Festival Filmelier no Cinema essa decisão reduz as opções do consumidor a poucos filmes, todos de uma determinada linguagem e, na maioria das vezes, determinados temas que não abarcam as complexas subjetividades humanas. “Um festival de cinema, assim, cumpre importante papel de democratização do audiovisual, trazendo novos idiomas, culturas e questões para o público brasileiro, em especial com o formato do Festival Filmelier no Cinema, que levará esses filmes para cidades onde eles não teriam chance de serem exibidos em uma carreira comercial”, atesta.