Sessão debate de “Retratos Fantasmas” esgota ingressos no Cinema da Fundação/Derby
Sucesso de público, a sessão debate do recém-lançado documentário Retratos Fantasmas, promoveu um caloroso diálogo sobre a cultura do cinema de rua no Recife. A exibição nesta quarta-feira (30), às 19h30, com ingressos esgotados foi realizada no Cinema da Fundação/Derby, um equipamento cultural vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj, sendo logo após a apresentação do filme realizado um debate especial entre o público e o diretor do longa-metragem, Kleber Mendonça Filho, assim como o montador do filme, Mateus Farias.
A sessão contou com as falas de abertura da presidenta da Fundaj, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, do diretor Kleber Mendonça Filho e do coordenador do Cinema da Fundação, Luiz Joaquim. Os três, à sua maneira, reforçaram a importância de uma sessão como essa ao público e a significância da Fundaj nos processos de difusão cultural e preservação da memória.
“É uma alegria imensa ver essa casa que é a sala do Cinema da Fundação no Derby lotada para uma sessão debate. Fiquei emocionada vendo Kleber aqui cercado por jovens que admiram o seu trabalho, um talento explosivo que nos transporta por meio dos filmes para tudo que é bom”, atesta Marcia Angela Aguiar.
Kleber Mendonça Filho agradeceu o carinho dado pelo público do Cinema da Fundação e reafirmou a importância que o equipamento cultural da Fundaj tem na sua trajetória profissional.
“A primeira vez que apresentei qualquer trabalho meu na vida foi nesse espaço aqui do campus Derby. Realizei a exibição de um grupo de vídeos que tinha feito, primeiras experiências primitivas, que estão inclusive presentes agora em Retratos Fantasmas. Hoje tô aqui apresentando meu quinto longa metragem que é um filme que fala muito sobre arquivo e a Fundaj é uma instituição que sempre será responsável por preservar a história”, afirmou o cineasta pernambucano. “É muito importante que essa instituição continue sendo o que ela sempre foi ao cuidar com primor dos acervos e arquivos, apresentando cultura ao público e ajudando a sociedade a se entender melhor”.
Para o coordenador do Cinema da Fundação, Luiz Joaquim, a sessão com ingressos esgotados se provou emocionante. “Estou orgulhoso de ter a possibilidade de promover essa sessão feliz, não existe outra palavra. Essa sala tem 160 lugares e ainda assim não dá pra todo mundo. Acho que Retratos Fantasmas é um reflexo desse êxito do trabalho de Kleber”, concluiu o coordenador do Cinema da Fundação.
A sessão debate iniciou com algumas observações realizadas pela mesa que compunha o encontro. Integrando a dupla de mediadores da sessão debate, junto ao coordenador Luiz Joaquim, o curador do Cinema da Fundação, Ernesto Barros, comentou sobre o impacto do filme na vivência afetiva de quem o assiste.
“Acho que o filme tem a capacidade de alavancar as memórias e isso é algo que poucas produções podem se dar o luxo”, diz Ernesto Barros.
Responsável pela montagem do filme, Mateus Farias, conta que o trabalho foi complexo, mas prazeroso poder encontrar as imagens para compor o filme como um processo arqueológico. “Redescobrir imagens, encontrar histórias e assuntos para estar dentro de um filme que não havia um roteiro prévio foi difícil, mas muito feliz. Muita coisa boa precisou ficar dolorosamente de fora, mas a missão era essa esculpir o filme”, comenta o montador Mateus Farias.
O diretor da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj, Túlio Velho Barreto, estava presente na sessão especial e foi um dos primeiros a elogiar a obra durante o debate aberto ao público.
“O filme de Kleber é uma declaração de amor ao centro do Recife e ao seu cinema. Uma declaração ao cinema enquanto expressão artística para demonstrar que essa arte tem fantasia também e o quanto de fantasmas podemos observar nesses espaços, enquanto memória”, comenta Túlio Velho Barreto.
A estudante de artes visuais, Rebeca Liberal, conta que essa foi a primeira vez que viu o novo longa-metragem do cineasta pernambucano e escolheu a sessão na sala Derby por gostar bastante do espaço. Para ela foi importante participar do debate, pois existia uma conexão afetiva a qual sentiu vontade de relatar ao diretor de Retratos Fantasmas.
“Eu faço pesquisa com fotografia analógica sobre psicogeografia e como eu vivi a maior parte da minha vida aqui eu vi a cidade mudar bastante quando comparo os meus registros. Falo isso porque o olhar do Recife que vi no filme é o seu, Kleber, mas de alguma forma é meu também. É de todo mundo que viveu nesses espaços”, confessa a estudante de artes visuais.
O filme Retratos Fantasmas está na programação das três salas do Cinema da Fundação: a do Museu, em Casa Forte, a do Derby e a do Porto, no Bairro do Recife. Funcionando de terça a domingo, com ingressos à R$14 e R$7 (meia-entrada), sendo às terças valor único de R$ 5, o filme conta com sessões diárias.