Sessão Chama Curtas apresentou o programa ‘Passarela 04 – Cantos de Trabalho’, neste sábado (28)
A atividade laboral em seus diferentes formatos e contextos foi abordada na terceira edição da Sessão Chama Curtas — exibição mensal gratuita da programação do Cinema da Fundação e, desta vez, apresentada na sala Derby, no campus Ulysses Pernambucano da Casa. Aberto ao público, o programa ‘Passarela 04 – Cantos de Trabalho’ foi acompanhado por um debate após a mostra com a presença do professor de Preservação Audiovisual da faculdade Aeso Barros de Melo, Danilo Lúcio.
Mediado pelos assistentes de programação do Cinema da Fundação, Felipe Karnakis e João Rego, além de contar com a participação das mediadoras da Cinemateca Pernambucana, Ingrid Xavier e Vitória Victor, o encontro desvelou, por meio dos cinco curtas-metragens apresentados, uma discussão sobre o trabalho em décadas passadas que, ainda assim, aninha-se em um ponto de interseção muito íntimo ao momento contemporâneo. Organizado pelo Centro Técnico Audiovisual (CTAv), o programa ainda realizou no equipamento cultural da Fundaj a primeira exibição em Recife do curta “São João em Santa Cruz” (1987), dirigido por Katia Mesel e digitalizado pelo Cinelimite.
Rastreando as musicalidades e performatividades em cada uma das práticas laborais, a terceira edição da Sessão Chama Curtas selecionou para a sua grade de exibição, além do documentário da cineasta pernambucana, os curtas-metragens “Os Romeiros da Guia” (PB, 1962), de João Ramiro Mello e Vladimir Carvalho, “A Baiana” (BA, 1973), dirigido por Moisés Kendler, “Cantos de Trabalho – Mutirão” (AL, 1974), obra de Leon Hirszman que intitula o programa, e “Álbum de Música” (RJ, 1974), curta-metragem de Sérgio Sanz com músicas de Pixinguinha, Cartola, depoimentos de Nara Leão, Jards Macalé, Gilberto Gil, Jorge Mautner, Maria Bethânia, entre outros.
Professor de Preservação Audiovisual da faculdade Aeso Barros de Melo, Danilo Lúcio acredita que exibir curtas-metragens na tela do cinema é complexo, mas que o Cinema da Fundação promove com o Chama Curtas uma iniciativa acessível, ainda mais sendo a partir da apresentação de filmes todos realizados na região Nordeste.
“Poder exibir e debater junto ao público sobre Katia Mesel, uma cineasta pernambucana, por exemplo, é interessante demais! Desenvolver uma conversa por meio do seu curta ‘São João em Santa Cruz’ só mostra que uma celebração registrada a trinta anos atrás passou por muitas mudanças, mas ainda tem muito de sua essência. Acho que esse tipo de mostra também resgata a cultura e a visão humanista do período em que foi retratado e consegue trabalhá-lo contemporaneamente”, atesta o professor.
O músico Lucas de Oliveira foi um dos participantes do debate e contribuiu para a discussão ao questionar o que poderíamos aprender, enquanto coletividade, com as obras apresentadas neste programa. “Sou da área da música, então acho que me tocou muito o curta-metragem de Sérgio Sanz. Achei tão sincero os depoimentos de Nara Leão, nunca tinha visto a forma como ela falava sobre alguns artistas, especialmente sendo uma representante do samba e da bossa nova. Foi interessante observar essa falta de diplomacia, de certo modo, e entender que é preciso até em tela deixar as pessoas falarem o que elas querem e entender como algo válido”, conclui.
Sobre o Chama Curtas
Com o intuito de situar o Recife dentro do intenso fluxo de produção de curtas-metragens, o Cinema da Fundação abriu uma importante janela de exibição para que essas obras cheguem até o público com uma maior frequência. A Sessão Chama Curtas traz uma programação mensal que propõe apresentar um panorama dos trabalhos realizados no Brasil, percorrendo pelas produções locais, nacionais e internacionais. As sessões são gratuitas e sempre contam com debates após a exibição dos filmes.