Sessão Chama Curtas apresentou o especial Surto & Deslumbramento, neste sábado (25)
Um dos acontecimentos mais renovadores da produção cinematográfica pernambucana nos últimos tempos, o coletivo Surto & Deslumbramento foi contemplado com uma sessão debate e exibição especial dos seus filmes, ainda inéditos nas salas de cinema do Recife, na quarta edição da Sessão Chama Curtas, faixa mensal de curtas-metragens do Cinema da Fundação, neste sábado (25), às 16h30, na sala Porto.
A exibição gratuita apresentou ao público três filmes da iniciativa independente: “Vênus de Nyke” (2021), média-metragem que acompanha um jovem entusiasta de práticas sexuais bem particulares e ligadas ao fetichismo, “O Nascimento de Helena” (2021), curta-metragem que revolve os desejos secretos de um homem, e “Sonhos” (2022), no qual um documentarista passa a dormir com sua câmera para registrar os sonhos que tem à noite.
O coletivo, que tem como marca em suas obras o artificialismo, o lúdico, o deboche e a cultura de massa, foi representado pelos realizadores Chico Lacerda e André Antônio, que participaram de uma sessão debate aberta ao público, após a exibição dos filmes, e mediada pelo cineasta Felipe André Silva.
“Existem várias formas de fazer um cinema queer, mas gostamos de brincar com certos formatos, onde não há desconforto com a bizarrice. Sabemos que tipo de filme gostamos de ver, que costumam ser aqueles considerados mais estranhos, e foi isso que acabou transformando nosso trabalho em algo dissonante do que acontecia no cenário da produção cinematográfica da época que o coletivo surgiu”, comenta André Antônio, que além de realizador, também protagoniza o filme “Vênus de Nyke”.
Como uma resposta conceitual e paródica à estética do cinema pernambucano vigente, os filmes do Surto & Deslumbramento dão uma tônica diferente à produção audiovisual independente, de acordo com o realizador Chico Lacerda. “Para Surto, fazemos referência ao Vurto, um projeto de Marcelo Pedroso e Felipe Peres, o qual se propunha a ser um laboratório para ensaios políticos, mas com uma estética mais heterossexual. Já Deslumbramento é uma resposta ao Alumbramento, um coletivo de cinema de Fortaleza. Buscamos trazer uma caráter mais lúdico nos filmes, onde há uma paixão nítida pela cultura pop e de massa”, comentou o realizador.
Estudante do curso de Cinema na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Helena Sampaio compareceu pela primeira vez a uma Sessão Chama Curtas, pois tinha interesse em prestigiar o trabalho do coletivo pernambucano na telona. “Os três filmes são muito bem encaixados nesta seleção. Gostei muito do ‘Sonhos’, um curta ligado à questão da memória, intimamente conectado com a psicanálise, que é um tópico que me interesso bastante. Foi ótimo também o ‘Nascimento de Helena’, estava esperando para ver em tela e foi como um momento para que eu mesma também renascesse, de alguma forma, aqui no Cinema”, finalizou a estudante.
Sobre o Chama Curtas
Com o intuito de situar o Recife dentro do intenso fluxo de produção de curtas-metragens, o Cinema da Fundação abriu uma importante janela de exibição para que essas obras cheguem até o público com uma maior frequência. A Sessão Chama Curtas traz uma programação mensal que propõe apresentar um panorama dos trabalhos realizados no Brasil, percorrendo pelas produções locais, nacionais e internacionais. As sessões são gratuitas e sempre contam com debates após a exibição dos filmes.